terça-feira, 10 de novembro de 2009

Refém

Tenho ao lado da cama, há exatos 15 dias, uma bela edição do Caio
Fernando Abreu. Protelo a leitura com medo de ter que fechar o livro e
esquecer tudo o que li. Gosto da prosa fluida, sinto-me ali em
essência. Catalogada, observo me abandonar depois que a capa do livro
se fecha e fica o tom solene e funesto pairando ao redor de mim.

Coleciono livros inacabados. Leituras nunca findadas. Finais felizes e
outros nem tanto a espera de meus olhos cansados. Sou refém de páginas
nunca lidas por medo do vazio do depois. Faço das palavras alheias um
píer pra me precipitar. E quase vou.

Passo horas imaginando rostos, sequências em slow. Determino cheiros,
paisagens e rituais que depois são abortados de mim. Perco o essencial
daquilo que me vê e me transfere sem os modernos apetrechos digitais.
Sou uma órfã sem esperança literária de adoção.


Marjorie Bier - redatora Publicitária, blábláblá, blogueira inveterada
http://marjoriebier.wordpress.com/

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