Eu fui. Finalmente, eu fui no Acampamento da Poesia. Há alguns anos
sou convidada e, como morava em Porto Alegre, nunca havia conseguido
comparecer. Eu fui. E digo, seguramente, se não foi a melhor
experiência, com certeza foi (eu fui!) uma das melhores vividas na
área literária.
Fui. Eu e mais poetas vindos de todo o Brasil. Conheci gente que eu
admiro. Gente que, da mesma forma, acompanha o meu trabalho nesses
treze anos e eu sequer sabia. Pessoas com o olhar rimado sobre a vida,
a percepção de retina descortinada, a estranheza do que, depois de
estender os braços, se perde em saudade.
Sim, eu fui. Fui bem recebida pelos anfitriões (Jandira e Simon), fui
bem abraçada, bem beijada, bem motivada a continuar. Fiz pouca poesia.
As palavras se escondem entre barracas quando precisam se aventurar.
Mas fiz contos, crônicas e amizades. Troquei o verbo calado pelas
risadas, pelo aprendizado contínuo nos causos de quem teima em
escrever.
Fui convidada a experimentar delícias, a desnudar as mãos, a caminhar
em campos que não existiam além do meu jardim. Eu fui. De pés
descalços e chapéu de palha., eu fui. Pisei na terra, sujei as pernas,
abandonei o wireless, para me encontrar. Exatos três dias conectada
apenas com a verdade de cada um.
Você sabe, eu fui. Fui cansada depois de uma semana repleta de
protocolos e considerações. Fui de carona. Fui aquecida pelo fogo de
chão. Fui para sentir a falta do depois. Eu fui e conto o segredo: no
acampamento, a vida flui.
Marjorie Bier
Redatora Publicitária, cronista cultural do Jornal TRI NOTÍCIAS de
Ijuí, contista da revista TRI CULTURA, blogueira inveterada.
http://marjoriebier.wordpress.com/
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