tempo, de tantas vezes vista. Nesta imagem em que te capto, teus olhos
já estão cansados. Seguem, anestesiados, em direção à minha lente.
Depois de tanto tempo, de tantas vezes vista, teu sorriso aberto
parece se fechar, como se a foto, de tão agredida, pudesse se mover.
Teus cabelos haviam sido cortados no dia desta fotografia, mas já
passou tanto tempo. Hoje, descubro tua pele mais clara, um tom azulado
em tua aura. Depois de tantos anos. Depois de tantas vezes vista.
A felicidade desbotada perde o viço na fotografia. Te envelheceu a
imagem manchada e o papel deteriorado. O retrato não disse nada.
Fotografias não falam. Retratos não revelam depois de tanto tempo e de
tantas vezes já vistos.
Tua fotografia me deixa tão triste.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
ACAMPAMENTO DA POESIA agradece seu comentário!