terça-feira, 24 de novembro de 2009

Amigos poetas

Em menos de dois dias, tivemos mais de 120 views no novo blog. Os
cliques vieram de todas as partes, sinal de que o acampamento tem
mesmo respaldo.

Para fazer suas postagens (publicar poemas), envie mensagem para
poetadoacampamento@gmail.com

Assim que for editada a mensagem, ela cai no blog
htt://poetasdoacampamento.wordpress.com/

Divulgue, participe!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

NOVO BLOG

Gente!!!

Já está no ar o blog oficial do Acampamento da Poesia.

As postagens serão moderadas para que consigamosmanter um layout limpo
e de fácil leitura.

Os textos devem ser enviados para poetadoacampamento@gmail.com

o blog é http://poetasdoacampamento.wordpress.com/

Romance - Marjorie Bier

Ser uma mulher livre não me ensinou a amar direito, embora eu acredite
ter aprendido algumas sutilezas, alguns deslizes do coração.

O tipo de amor que dedico parece estranho no primeiro momento. Talvez
por isso mesmo é que eu o reconheça como amor. Não existem sentimentos
pré-estabelecidos, mas códigos delicados que o divulgam e botam medo.

Assustado, procuras em mim o que poderias encontrar em qualquer
pessoa: irmãos, garçons, mulheres ao alcance dos lábios e dos dedos.
Mas queres romance. Pipoca e sessão da tarde com garantia de happy
end.

Esse amor que eu sinto poderia, também, gerar um final feliz com
contas divididas, passeios pelo parque, trilha sonora melosa, mas
gosto tanto, inteiro, que não quero me preocupar com as claquetes, com
os cenários, com nada além de mim, além de você, do nosso cuidar
desajeitado.

Poulain na penúltima cena. Betty Blue às duas da manhã. Posso ser o
que você quiser em seu pensamento. Não entendo os nossos processos,
mas criei-me livre para dizer que te amo muito, aberta, incorreta, sem
conceito algum. Te amo sem nem saber se este é o nome que se dá a esse
sentimento. Mas que seja amor. Ou que não seja. Sou livre e amo. E
subscrevo-me.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Tristeza Fotográfica - Marjorie Bier

Tua foto em minhas mãos mais uma vez nesta manhã. Depois de tanto
tempo, de tantas vezes vista. Nesta imagem em que te capto, teus olhos
já estão cansados. Seguem, anestesiados, em direção à minha lente.

Depois de tanto tempo, de tantas vezes vista, teu sorriso aberto
parece se fechar, como se a foto, de tão agredida, pudesse se mover.
Teus cabelos haviam sido cortados no dia desta fotografia, mas já
passou tanto tempo. Hoje, descubro tua pele mais clara, um tom azulado
em tua aura. Depois de tantos anos. Depois de tantas vezes vista.

A felicidade desbotada perde o viço na fotografia. Te envelheceu a
imagem manchada e o papel deteriorado. O retrato não disse nada.
Fotografias não falam. Retratos não revelam depois de tanto tempo e de
tantas vezes já vistos.

Tua fotografia me deixa tão triste.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

AMIGOS POETAS

POETAS
Se optarem por postagens rápidas, sem burocracias, enviem um e-mail para:

acampamentodapoesia.solbatt@blogger.com

No item assunto: VOCÊ DIGITA O TÍTULO COM SEU NOME.
No espaço da mensagem, escreva seu poema, sua poesia, seu texto, suas idéias...

Imediatamente, será publicada no nosso blog. Contamos contigo para o
sucesso de nosso trabalho!
Basta conferir: http://acampamentodapoesia.blogspot.com/


Forte abraço!
Mário Simon
Escritor e Criador do Acampamento da Poesia

Solange Battirola
Poetisa que realiza os registros fotográficos do Acampamento da Poesia

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Pingo de Gente

Em silêncio, passou por mim a criança. Corria, com suas perninhas
pequenas, entre a varanda e a sala de estar. Ela, deslumbrada com a
chuva que batia na beirada da janela e, vez por outra, voava em
direção ao vidro em acrobacias mirabolantes. A família, perplexa
diante de tamanha alegria.
Não usava sapatos a menina. Na ponta dos pés, pulava as poças
imaginárias e sorria. Brincava alto com sua própria voz assombrada. O
avô, com a mão cautelosa entre o queixo e a bengala, deixava escorrer,
disfarçado de chuva, a sua preguiçosa memória acordada.Com o vento, a porta se abre. Corre a criança com seus cabelos
cacheados. Senta no degrau da varanda e recolhe, do cantinho das
pedras, uma única gota de água. E volta para casa e senta na sala e
mantém seu segredo guardado.Da porta do quarto, observava encantada, aquele pinguinho de gente
descobrindo o amor ao cuidar do seu pequeno pingo de chuva nas mãos.
Marjorie Bier - Redatora Publicitária e mais um monte de coisas que
voc~e encontra no blog http://marjoriebier.wordpress.com/



domingo, 15 de novembro de 2009

Divulgação

Amigos Poetas

Contabilizamos 65 acessos em 15 dias, com certeza ultrapassaremos 100 acessos em um mês.

Continuem divulgando nosso blog aos amigos e peçam que estes visitem, deixando seus comentários:
http://acampamentodapoesia.blogspot.com/

Cordiais saudações!
Mário Simon
Solange Battirola

sábado, 14 de novembro de 2009

Paciência (Maria Elisa Berwanger)

Paciência

Busca a paciência dos velhos monges
nos claustros dos mosteiros úmidos,
silêncio crepuscular das eras,
rasgadas sombras
por réstias de sol na atmosfera.

Evolação de velas,
bailarinas imagens
na parede nua
da fria cela,
tingida em paz, oração e lua.

O puído terço
rolando contas entre dedos magros,
monótona voz, cantilena de salmos sagrados.

Busca essa paciência amiga,
sem sobressaltos altos,
essa paciência de pés descalços,
que já vem antiga.

Banha a alma
no silêncio dos silêncios vivos,
repleto de brancos pássaros,
de branco sensitivo.

Busca a paciência que há milênios se remonta,
um canto teu,
inviolável ao turbilhão das ondas,
lá onde nunca hão de cobrar-te a conta...



Veja quais são os assuntos do momento no Yahoo! + Buscados: Top 10 - Celebridades - Música - Esportes

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Cleide Muniz Sanches

Olá, estou enviando um poema para ser postado no blog! que por sinal está muito LEGAL!!!!! Estou adorando!
 
 

Paisagem

 

Eu me integro na eternidade da paisagem,

Desta mesma paisagem de onde vim, de que sou e para onde irei,

Planuras habitadas pelo gênio caseiro dos camponeses

Dos lavradores e das lavadeiras que namoram riachos

E gastam os olhos nas águas e os dedos na espuma do sabão.



Chegou o Windows 7. Deixe seu computador mais simples e fácil. Clique para conhecer.

DESPEDIDA - POR JOÃO JUSTINIANO

 

 

DESPEDIDA.

João Justiniano
13.02-07, ÁS 22H.

 

A despedida dói. É isso aí, querida;

pede renúncia e paz, sempre respeito e afeto.

A última palavra amenize a ferida;

toda separação deixa um casal sem teto.

 

O coração da gente em chaga e a alma inquieta,

pretendem recuar, vacilam. Exaurido

O sentimento grita. E é torta a linha reta.

Uma curva embaçara a outra curva. Exceto

 

A razão - nada é certo. E essa mesmo chafurda!

"Que farei eu agora, ela diz, quem por mim,

quando o passado é morto e a dianteira é surda"?

 

É parar e pensar. Isso não é o fim.

É antes recomeço. Um chinês e uma curda,

ele espera você e ela espera a mim...


 

A

MERECIMENTO AOS DEUSES por JOÃO JUSTINIANO

MERECIMENTO AOS DEUSES

João Justiniano
17.08.07

 

Não é que o céu me olhou do azul alto e infinito,

numa benevolência astral de iluminuras,

assim como se olhasse um seu, o favorito

da benesse estelar, das bênçãos, as mais puras?

 

Curvei-me reverente, humílimo, contrito,

de tanto agradecido ao céu, que das alturas,

desceu a abençoar-me, a mim, pobre e proscrito,

sem expressão qualquer, sem vôos ou singraduras.

 

Orando perguntei-me e perguntei ao mundo,

que de merecimento eu tive em toda a vida

para tamanho amor do infinito oriundo...

 

Nem menos e nem mais, ouvi - que ser poeta,

sonhar estrelas, luz... Curvar-se à preferida

dos deuses do infinito - a mulher, meu profeta...


 

 

 

A VIDA DO POETA POR JOÃO JUSTINIANO





Mensagem original
De: João Justiniano < joaojustiniano@terra.com.br >
Para: solsolbat < solsolbat@bol.com.br >
Assunto: Re: [ACAMPAMENTO DA POESIA DE EN TRE-IJUÍS]
Enviada: 11/11/2009 14:55


Envaidecido e quanto, Solange, pelo ícone!
Nem,  podia imaginar. Dá vontade de publicar mais livros. E escrever indefinidamente.
Ê, e como é fácil publicar no  blog. Passar-te o texto e pronto.
Vai então mais este. Fácil assim, enviarei sempre mais um.
João Justiniano
 

A Vida do Poeta

                    25.08.75

 

A vida do poeta é uma flor entreaberta,

uma esperança, um canto, a ilusão pressentida;

o gosto do trabalho e da vitória certa,

e, com certeza a dor, que robustece a vida.

 

De passagem o tempo, a que ele chama lida,

que constrói e destrói, que comanda e conserta.

E a alma, acima do tempo, eterna, não vencida,

Posposta às gerações a que anima e desperta.

 

É feliz porque entende essa expressão de nada

e tudo que resume e confunde a existência

ora tranqüila e mansa, ora desesperada.

 

Pode viver em paz um centenário inteiro,

Cantando o amor, cultuando a fé e a inteligência,

um século transpor, janeiro após janeiro.

 

CREDO - POR JOÃO JUSTINIANO

Mensagem original
De: João Justiniano < joaojustiniano@terra.com.br >
Para: solsolbat < solsolbat@bol.com.br >
Enviada: 09/11/2009 23:05

 Olhe aí pessoal! O que escrevia há cinquenta anos.
O soneto a seguir, é do meu primeiro livro, editado em 1960 em Belém do Pará.


João Justiniano


Credo

Eu creio no perfume das mulheres

E no frescor da carne feminina.

Creio no amor, no gozo e em seus misteres,

A dádiva maior da mão divina.

Eu creio na beleza - e se disseres

Que há mulher feia, é que não tens a sina

De ter mãe viva ou esposa entre as mulheres,

Nem tens irmãs ou filha pequenina.

Eu creio na mulher – a singeleza,

Vigor e bem, poder reprodutivo,

Sacrifício, humildade, amor, pureza.

Eu creio enfim, que a humanidade, a vida,

Vem tudo da mulher - ser primitivo,

Benção de Deus à terra atribuída.

João Justiniano da Fonseca



Meu querido desconhecido - POR MARJORIE BIER

Estranho, passou por mim pela calçada com um casaco que jamais usaria…
e um boné. Você, que tinha os cabelos sempre tão limpos e cujas roupas
eu dobrava todas, passou por mim e me olhou com olhos rápidos. Da
mesma cor que antes, mas eram olhos outros. Aqueles que viram dores
durante o nosso tempo separado. Era você mesmo, era eu, mas éramos tão
distantes de nós, tão frios diante do nosso desconhecimento mútuo.
Você que tanto amei. Você que tanto me amou, que trocamos beijos
longos e loucos e cujas cicatrizes eu lambi. Você que me foi tão
secreto e que por anos também me traduziu. Estranhos. Hoje nos
encontramos como se não houvesse passado. Você, de cabeça baixa, fez
um sinal educado. Eu, desconcertada, fiz que não tinha importância.

Marjorie Bier - Redatora Publicitária e blogueira inveterada.
http://marjoriebier.wordpress.com/

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Refém

Tenho ao lado da cama, há exatos 15 dias, uma bela edição do Caio
Fernando Abreu. Protelo a leitura com medo de ter que fechar o livro e
esquecer tudo o que li. Gosto da prosa fluida, sinto-me ali em
essência. Catalogada, observo me abandonar depois que a capa do livro
se fecha e fica o tom solene e funesto pairando ao redor de mim.

Coleciono livros inacabados. Leituras nunca findadas. Finais felizes e
outros nem tanto a espera de meus olhos cansados. Sou refém de páginas
nunca lidas por medo do vazio do depois. Faço das palavras alheias um
píer pra me precipitar. E quase vou.

Passo horas imaginando rostos, sequências em slow. Determino cheiros,
paisagens e rituais que depois são abortados de mim. Perco o essencial
daquilo que me vê e me transfere sem os modernos apetrechos digitais.
Sou uma órfã sem esperança literária de adoção.


Marjorie Bier - redatora Publicitária, blábláblá, blogueira inveterada
http://marjoriebier.wordpress.com/

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O PIQUENIQUE DO CUSCO - OTÁVIO REICHERT






Mensagem original
De: otavio.reichert < otavio.reichert@bol.com.br >
Enviada: 09/11/2009 21:05




O piquenique do cusco
Soltei o cachorro peca
para ter mais liberdade
pois quem mora na cidade
tem espaço bem menor.
Correndo no campo aberto
Foi soltando seu instinto
Fuçou toca e labirinto
Cheirou tudo a seu redor.
Já foi fazendo xixi
Pra demaracar território
vou fazer o relatório
de outras coisas que fez.
Fugindo de quero-queros
Perseguiu duas preás
latiu contra sabiás
levou chifrada da rês.
Quando é verão na campanha
o lagarto sai da toca
parece até que provoca
pra fazer um corrida.
Na direção das pedreiras
o bicho entrou num buraco
do rabo perdeu um naco
onde o cão deu a mordida.
De branco ficou vermelho
bem antes de vir-se embora
de saudade hoje chora
ao lembrar do piquenique.
Veio junto um carrapato
grudado no seu pescoço
e da mata trouxe um osso
com o qual brinca... nos chiliques.
Otavio Reichert

Apenas mais uma de amor - Marjorie Bier

Você vem me falar de amor de uma forma que comove. E eu adoraria falar
do amor como se fosse a sua resposta. Mas sou daquelas mulheres que
calam, que escrevem tudo o que deveria ser falado. Sei que você
esperou por cada uma das minhas palavras, mas elas estavam ocupadas
vigiando impulsos e foram traduzidas como descaso. Não te peço nada
além de compreensão. Apenas pense em mim como alguém que alcançou a
mesma medida do que você sentiu, as mesmas dúvidas, a mesma timidez
diante do desconhecido, a mesma saudade. O que escrevo, agora, parece
covarde, eu sei. Você já deve ter lido, ouvido ou visto em filmes por
aí e, se não me engano, ficou sonhando em me ver ultrapassar os
limites, audaz e febril como quando eu não sabia do que era capaz. Por
tudo o que ainda vamos viver, pelo tempo que não verei você sorrir,
pela saudade que vou sentir da sua voz, por todo esse tempo em que
você andará longe de mim e eu de você, pelo tamanho da nossa
descrença, pela resistência da nossa solidão, acredite em mim: te amei
mais do que pude, nunca te amei menos que a mim.

Marjorie Bier - Redatora Publicitária e blogueira inveterada
http://marjoriebier.wordpress.com/

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Vadiagem Cósmica

Minhas estrelas vagabundas

desfilam no teu céu arredio.

Transeuntes,

derradeiras,

imagens astrais corriqueiras

do meu delírio boreal.

Carregam, entre prefixos,

velhos instintos,

sufixos,

verbetes turquesa e cinza,

moribundos geniais.

Reviram os olhos e o vento

as minhas estrelas trôpegas,

cadentes.

Decadentes astros cômicos,

vadios apelos em mim.


Marjorie Bier - Redatora Publicitária, cronista cultural do jornal TRI
Notícias (Ijuí), contista da revistra TRI, blogueira inveterada
http://marjoriebier.wordpress.com/

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Poema e saudades-Abraços e bênçãos a todos os irmãos na poesia!

Campos

Ó campos que cobrem a terra,

As vozes dos pássaros te saúdam.

As deusas que cantam em todas as belezas,

Também cantam em ti,

E seus delicados pés desnudos bebem do teu orvalho.

Na dança das estações,

Enquanto a flor descansa nas profundezas do solo,

A primavera aguarda sutil e mansa,

A hora do despertar.

Nas estranhas da terra morena e linda

Que vive a suspirar,

O poder da vida pulsa.

A primavera acorda, e é por ti, bem-vinda.

Quando o céu chora sobre tua superfície,

As flores brotam ternamente abraçadas.

Traze à luz, o bálsamo de tuas ervas sagradas,

Alimentas as criaturas que a ti acorrem,

Acolhes a correria lépida das lebres,

Escondes insetos que sobre teus cabelos verdes

Ora repousam, ora brincam e correm.

E as borboletas,

Na euforia que lhes traz a aurora,

Pincelam o pólen de flor em flor,

Como quem verseja numa página branca

A mais pura e sincera declaração de amor.

No verão abrasador,

Descem sobre ti os beijos do sol,

Mas o vento, sensível à tua ânsia febril,

Abre as asas em teu socorro.

E quando tua face enegrece,

A lua desce,

Colocando em traços vivos

Os vultos e as sombras peregrinas

Dos espíritos das gerações que te plantaram.

Há marcas de mãos,

Que escavaram chãos,

E que derramaram minúsculas sementes.

Ó campo, que a tantos encanta,

O poeta a ti confia seus íntimos segredos,

E seus sonhos ledos,

Criando metáforas que em versos canta.

E vê em teus olhos verdes, ó campina,

O mesmo olhar daquela menina,

Que lhe plantou na alma uma secreta dor.

E tu, abençoado campo da minha terra,

Que dos corações, ouve o clamor,

Oferece o veludo de teu leito

Para quem precisa aliviar o peito

Irrigando-te com lágrimas de amor!

(Lúcia Barcelos)

O LENHADOR - Poesia de Otávio Reichert

O LENHADOR

Eu quero vencer na vida
um ditado de coragem
assim conto uma passagem
para os tantos vencedores!
Na terra dos madeireiros
o troféu dos lenhadores;
disputado ano a ano
seu Naldo sempre vencendo
disputa foi se perdendo
por não ter opositores!

Solteiro e respeitado
por aquelas redondezas
um coração de grandezas
adotou filho menino!
Orgulho de veterano
pai e moço libertino;
lascando paus-de-jangada
cabriúvas e canelas
replantando algumas delas
dia a dia fez ensino!

Empoeirado pelos anos
o troféu do lenhador
atiçou num sonhador
idéias mal concebidas!
A força da juventude
desafiava sua guarida;
que o velho fraquejava
que a fama não lhe cabia
o boato já percorria
em apostas atrevidas!

Como os mates revirados
Amargou-se o aconchego
domingos que eram sossego
naquele foi tumultuado!
De trem, a pé e a cavalo
ferveu gente no povoado;
tora em cepos pra lascada
pai e filho frente às pilhas
e uivados qual matilhas
do povaréu no costado!

No silêncio pra largada
só a cigarra fez cantiga
e pobre duma formiga
se foi no primeiro talho!
As lascas esparramando
como cartas de baralho;
disputada em duas horas
junto ao eco das colinas
com suspiros de meninas
tricotando seus retalhos!

Elas logo se animaram
viam o jovem vencedor
pois tinha bem mais vigor
o outro arrimava lento!
A sina do trono herdeiro
rondava no acampamento;
nos meados da jornada
o velho inté agachado
e um pessoal já retirado
disfarçando o sentimento!

O pica-pau nos coqueiros
talvez tenha percebido
dois machados; dois sonidos
sendo um deles já sem fio!
Enquanto um compassado
o outro perdia o brio;
os compadres e as mocinhas
até o sapo da lagoa
viram que um batia à toa
muitas vezes no vazio!

Para muitos foi surpresa
inclusive ao rapazote
questionando que era trote
“mas como o velho ganhou?”
Humilde, de pai pra filho
como campeão lhe explicou;
amolei o meu machado
enquanto eu descansava
o que em força até faltava
em experiência... sobrou!



Cordiais saudações!
Mário Simon
Visite: http://acampamentodapoesia.blogspot.com/

Solange da Cruz Battirola
http://solbat.blogspot.com/

O URSO PRETO - Poesia de Otavio Reichert

O URSO PRETO


O urso preto das cavernas
pegava peixes no rio
pescava ensinando os filhos
vejam só o que ele viu!

Montes de lixo e venenos
e o peixinho que morreu
foi procurando os culpados
agarrou um amigo meu!

O urso levou o amigo
pra caverna dos ursinhos
e nadando tirava o lixo
tentando limpar sozinho!

Um ursinho morreu de fome
o outro ficou doente
o amigo viu que os bichos
também sofrem como a gente!

O urso inteligente
não matou o nosso amigo
hoje juntos limpam o rio
mas querem contar contigo!

O urso preto não é mau
mas já mandou dois recados
que os rios estão poluídos
e vai pegar... os culpados!


Cordiais saudações!
Mário Simon
Solange Battirola


Visite:
http://acampamentodapoesia.blogspot.com/

Paralelas

Rosa era uma menina comum. Sonhava com as mesmas cores e as mesmas
impressões que sua mãe, sua avó, sua irmã maior. Gostava de imaginar a
vida em quadros milimetricamente distribuidos. Frações de espaço e de
tempo onde fantasiava e criava o que nos dias lhe faltava.

Por vezes, ficava apenas a olhar. A pouca idade lhe ensinara as
flores, mas era com dores que havia aprendido a brincar. No botão dos
seus treze anos, carregava a saudade do pai e a verdade do mundo.
Perdera, aos cinco e pouco, a referência e a credulidade. Vivia de
esperanças montadas e rastros, pequenas pistas deixadas entre a
memória e o coração.

Marjorie Bier - redatora publicitária, cronista cultural do jornal TRI
Notícias de Ijuí, contista da revista TRI, blogueira inveterada
http://marjoriebier.wordpress.com/

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Dos ciganos e outras ausências

Mário era como a madrugada: perto de acordar, mas ainda cheio de sono.
Era um menino feito de coragem e medo. "Ele tem os olhos líquidos",
repetia o avô. E a casa observava, em silêncio, o mar e o rio que
haviam nomeado as suas águas.

Acreditavam que a sua vontade de partir tinha vindo do desamor. Tudo
em sua casa já andava ocupado demais. As cadeiras, as camas, os
pratos. Até mesmo o carinho distribuído. Por muitas vezes ele duvidava
de tudo. Pensava ser um cigano esquecido em porta de família alheia.

Quando eles, os ciganos, surgiam, Mário se fazia rarefeito e ficava
perambulando por entre os panos. Percorrendo a cidade, invadindo
ouvidos, o seu caminhar promovia sonhos. Entre os sons de violinos e
guitarras, de suas bocas ele ouvia um canto bonito, em língua
diferente, que até mesmo o silêncio aquietava para escutar. Com os
corações ameaçados, a cidade dormia. Em seus sonhos havia fugas,
amores, pequenos barcos, grandes mares.

E foi então que descobriram o seu outro segredo: ele comungava a
vontade de fazer-se atraído pelos ciganos e ser roubado por eles.
Porque ser roubado é o mesmo que ser amado. Só roubamos aquilo que nos
falta.

E ele só queria ser ausência, mesmo que fosse a ausência dos ciganos.

Marjorie Bier - Publicitária, cronista cultural do jornal TRI NOTÍCIAS
(Ijuí), contista da revista TRI, blogueira inveterada
http://marjoriebier.wordpress.com/

terça-feira, 3 de novembro de 2009

SAIU NO ZERO HORA DO DIA 04.11.2009

LITERATURA
O campo como inspiração
Poetas se reuniram em Entre-Ijuís para fazer versos na 8ª edição do Acampamento da Poesia

Debaixo de árvores, 35 escritores se inspiraram nas paisagens missioneiras de Entre-Ijuís, no final de semana, para compor poemas.

Eles participaram da 8ª edição do Acampamento da Poesia, evento em que poetas convidados ficam em contato com a natureza para produzir textos que serão publicados em livro.

A cada ano, um novo tema no acampamento é indicado aos poetas. O de 2009 foi a indagação “E os campos de nossa terra?”. Os escritores ficam em contato com a natureza, acampados em barracas, ou chalés do Balneário Parque das Fontes, interior de Entre-Ijuís.

Para dar suporte aos colegas de verso, o criador do evento, Mário Simon, levou-os na manhã de sábado para uma fazenda onde criações de gado sobrevivem por saudosismo em meio às lavouras de soja e trigo.

Os textos foram surgindo em minutos.

A terapeuta social Myrta Sebastiany, que também é poetisa, abriu caminho à inspiração passando para o grupo técnicas para se conectar com a natureza.

Instantes depois, Francisca de Carvalho Messa, 76 anos, escrevia os versos de De Cara com a Natureza. Moradora de Porto Alegre, Francisca descobriu o gosto pela escrita há duas décadas, depois de enfrentar um câncer. Há quatro anos viaja para Entre-Ijuís.– Passo o ano todo pensando no acampamento, não posso deixar de participar– contou a escritora, que já tem três livros publicados.

O organizador do evento também tinha que deixar no papel suas impressões. Simon pretendia enveredar os versos para lado social da vida no Interior, dar sua visão crítica sobre os problemas do campo.

Já o advogado Renato Schorr, que se criou na área rural, pretendia recuperar de suas memórias o fogo de chão e a lida campeira.

O poeta Roberto Prietto colocou humor nos versos que lhe surgiram de improviso, em meio a uma roda de troca de experiências dos escritores.– Se Van Gogh visse esses campos amarelos e verdes, ele cortaria a outra orelha– improvisou.

silvana.castro@zerohora.com.br
SILVANA DE CASTRO Entre-Ijuís

Poetas lançam livro
Os trabalhos produzidos no Acampamento da Poesia vão ser publicados no livro Afluências, que será lançado em abril.
A obra é destinada às escolas de Entre-Ijuís. Para Simon, o evento desperta nos estudantes o gosto pela leitura e pela produção de textos.

Cordiais saudações!
Mário Simon
Solange Battirola

E-mail recebido de Arisa Araújo da Luz

Oi.
Gosto muito da forma como as palavras se unem, mesmo sendo antagônicas.
Vi o blog.
Tristeza e alegria.
Triste por que não fui, outros compromissos, que ano que vem, não me impedirão de participar do 9. acampamento.

Alegria por ver a festa da literatura.
Parabéns! Solange e prof Mário o Blog ficou ótimo.
Tudo de bom e até o próximo....

Bjus a todos/as,

Arisa Araújo da Luz

Eu de mim

Retalhos  - fragmento do livro NINGUÉM É DE NINGUÉM, do autor
 
 
 
FILHO é o nosso mais puro pensamento passado pela atividade genésica.
 
PERDAS é quando o coração sai do peito deixando-nos ocos.
 
SAUDADE é qualquer coisa que se distanciou de nós e não desamarrou a corda que nos une.
 
ESPERANÇA é o que queremos, o que desejamos, o que sonhamos, logo ali na frente.
 
DÚVIDAS é quando o pensamento entre em redemoinho.
 
SUSTO é quando, ao dobrarmos uma esquina qualquer, encontramos o tempo.
 
LÁGRIMAS é nós diluidos em líquidos de alegria, de dor e de saudade.
 
FUGAS é quando nos tornamos covardes, insensatos, ignorantes e fugimos de nós mesmos.
 
SONHOS é quando contatamos o amanhã e aperitivamos o momento que nos espera.
 
 
 
 
    Abraço a todos,
 
Paulo Prado.

Nunquinha, eu juro!

- Não se apaixone por mim.

Eu não estou apaixonada por você. Estou apaixonada é por esse seu
jeito de me olhar como se enxergasse estrelas e, depois, ir chegando
de mansinho até misturar nossas constelações. Eu jamais me apaixonaria
por você! Estou, e isso é fato, apaixonada pela maneira como você me
abraça pela cintura e me puxa para perto de você, afastando os
caçadores que ainda teimam em me rodear. Eu, me apaixonar por você?
Nunca! Eu sou apaixonada é pela sua boca, pela sua barba por fazer,
pelo cheiro que fica em seu peito cada vez que nos aproximamos para
repousar. E você afunda a mão em meu cabelo e me beija a boca e me
beija a nuca e me deixa louca até a respiração faltar. Apaixonada por
você… até parece. Apaixonada eu sou é pela sua risada, pelas suas
palavras, pelas suas plantas bagunçadas depois de eu tanto organizar.
Não estou apaixonada por você, nunquinha, mas por essa sua mania de
fugir de mim por puro medo de também se apaixonar.


Marjorie Bier - Publicitária, cronista cultural do Jornal TRI NOTÍCIAS
de Ijuí, contista da revista TRI, blogueira inveterada.
http://marjoriebier.wordpress.com/

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

CRÔNICAS DO ACAMPAMENTO - por Marjorie Bier

Crônicas de Acampamento


Eu fui. Finalmente, eu fui no Acampamento da Poesia. Há alguns anos
sou convidada e, como morava em Porto Alegre, nunca havia conseguido
comparecer. Eu fui. E digo, seguramente, se não foi a melhor
experiência, com certeza foi (eu fui!) uma das melhores vividas na
área literária.

Fui. Eu e mais poetas vindos de todo o Brasil. Conheci gente que eu
admiro. Gente que, da mesma forma, acompanha o meu trabalho nesses
treze anos e eu sequer sabia. Pessoas com o olhar rimado sobre a vida,
a percepção de retina descortinada, a estranheza do que, depois de
estender os braços, se perde em saudade.

Sim, eu fui. Fui bem recebida pelos anfitriões (Jandira e Simon), fui
bem abraçada, bem beijada, bem motivada a continuar. Fiz pouca poesia.
As palavras se escondem entre barracas quando precisam se aventurar.
Mas fiz contos, crônicas e amizades. Troquei o verbo calado pelas
risadas, pelo aprendizado contínuo nos causos de quem teima em
escrever.

Fui convidada a experimentar delícias, a desnudar as mãos, a caminhar
em campos que não existiam além do meu jardim. Eu fui. De pés
descalços e chapéu de palha., eu fui. Pisei na terra, sujei as pernas,
abandonei o wireless, para me encontrar. Exatos três dias conectada
apenas com a verdade de cada um.

Você sabe, eu fui. Fui cansada depois de uma semana repleta de
protocolos e considerações. Fui de carona. Fui aquecida pelo fogo de
chão. Fui para sentir a falta do depois. Eu fui e conto o segredo: no
acampamento, a vida flui.

Marjorie Bier
Redatora Publicitária, cronista cultural do Jornal TRI NOTÍCIAS de
Ijuí, contista da revista TRI CULTURA, blogueira inveterada.
http://marjoriebier.wordpress.com/

POETAS DO ACAMPAMENTO DA POESIA DE ENTRE-IJUÍS

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Lançamento do Livro Afluências 8 dos Poetas do Acampamento da Poesia por SolBatt